De onde vem o medo de morrer

De onde vem o medo de morrer

Se você acompanhou até a gora o nosso canal, em questões sobre preconceito, como por exemplo, o que falava sobre Poligamia, você deve ter acompanhado a seguinte lógica:

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As pessoas tem preconceitos contra aquilo que é diferente delas, pro que elas se identificam nos valores, culturas e tradições, e vêm, na presença de um fator modificador a possibilidade de esses valores se transformarem, perderem importância ou até desaparecerem. Talvez seja por isso que os preconceitos tem nomes de fobia, como xenofobia ou homofobia, por que o ódio vem do medo de aquela nova cultura sobrepor e apagar a cultura anterior, ou pelo menos, fazer com que os “bons costumes” percam o valor, e que a pessoa que as praticava deixe de ser respeitado pelo esforço.

É apenas uma teoria, mas você tem que pelo menos admitir, que é muito boa, e explica muita coisa. Mas isso nos leva a outro questionamento, que é o fato de que nós termos muito medo de desaparecer, e que esse medo não necessariamente está conectado a ideia da morte.

Você já parou para pensar no motivo pelo qual temos medo da morte?

Mesmo algumas pessoas que não levam uma vida boa não gostam da ideia de morrer. Geralmente a lógica que predomina é, nós temos medo daquilo que não compreendemos, e a morte é um lugar para onde todos que foram jamais voltaram para dizer como é. Faz sentido por que nós não podemos nos defender daquilo que não compreendemos.

No entanto existem ouras características que podem argumentar que o medo da morte é o medo de desaparecer, mais do que o medo de não saber o que tem do outro lado.

Primeiro, mesmo pessoas que acreditam fervorosamente em uma vida pós morte tem medo de morrer. Ela pode não achar que vai desaparecer, mas ela também sabe para onde ela vai depois de morrer, sabe que é um lugar muito mais agradável para onde ela vai, e mesmo assim ela tem medo de morrer.

Além disso, algumas das personalidades históricas deixaram claro que a morte do corpo não é um problema tão grande, quando o nome e a fama permanecem no futuro. Frases como “eu vou morrer, mas o meu nome vai entrar para a história”, ou “Eu vou apagar a sua existência da história. Ninguém nunca mais vai saber que você existiu.

Outra coisa que pode ajudar a compreender isso é o nosso amor pela fama. Por que nós nos atraímos pela ideia de ser famoso. Nós podemos muito bem ter reconhecimento e importância para as pessoas a nossa volta, mas para nós, a ideia de ser conhecido mundialmente é muito importante.

Por que a ideia de desaparecer é tão assustadora, para nós? Será que é o vazio, de imaginar a não existência que é muito pesado para nós? Quando pensamos na não existência, geralmente nós imaginamos um infinito vazio e escuro, e imaginamos a nós mesmos perdidos lá dentro, achamos que imaginamos a não existência, mas o que imaginamos é a nossa existência num lugar onde nada mais existe.

E isso não faz sentido, como diria o nosso velho amigo Epicuro:

A serenidade do sábio não é perturbada pelo medo da morte, pois todo mal e todo bem se acham na sensação, e a morte é a ausência de sensibilidade, portanto, de sofrimento.

O mais provável é que a morte representa o fim, e o fim é que é algo inconcebível para nós. Estar em paz com o próprio final é muito difícil, e nós buscamos justificativas contínuas para retirar a característica finita da morte, como por exemplo, a reencarnação, vida pós morte, fantasmas etc... Nós dificilmente queremos que as coisas se acabem na nossa vida, sejam momentos, práticas, atividades que nem necessariamente gerem satisfação, mas é a necessidade de continuar se movimentando, de “ser” nas palavras de Shakesperare, em vez de “Não ser”.

Uma boa prova disso seria, talvez, o fato de que quando uma pessoa comete suicídio, ela geralmente está procurando por um fim. Ela perdeu o medo do fim, ela perdeu o medo da morte.

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