Filosofia: O amor verdadeiro

Filosofia: O amor verdadeiro

O amor para nós é só amor, nós amamos nossos animais, nosso pais, nossas esposas, nosso filhos, nossos amigos, nossos empregos ou as nossas casas. Tudo isso é amor, mas cada um a seu modo. Os gregos não tinham de usar a palavra amor de forma tão abrangente, tão generalizada, por exemplo. Eles tinham “ágape”, “Eros”, “Philia”, entre outras, uma para cada tipo de amor. Por isso para nós é extremamente difícil definir o que é o amor.


Eu quero no entanto, que você pense no amor como é para nós, um amor só, e o defina. Cada um de nós dará uma definição própria. Aqui vai uma, por exemplo: Amor e uma afeição que sentimos por outros, longa e forte, que nos faz querer ter a pessoa por perto, e querer o melhor para ela sempre.

Eu sei que se você não pensou em algo assim, foi algo muito próximo, mas eu quero que você pare para pensar em outra ideia que nós raramente associamos ao amor, mas que na nossa cultura, está profundamente associado, que é a possessão.

A nossa forma de amor é majoritariamente possessiva. O que quer dizer que, quando você ama uma pessoa, você quer a exclusividade dela. Não é sempre, mas geralmente é assim, não apenas entre amor do tipo conjugal, mas em muitos outros casos, aqui vão alguns exemplos:

1. Pais separados dividem o tempo com os filhos, muitos pais fazem o que podem para dificultar o acesso dos filhos ou outro ex-conjuge, por ciúmes.

2. irmãos tem ciúmes do amor dos pais, tios ou avós pelos outros irmãos.

3. Uma jovem tem ciúmes do tempo que sua melhor amiga passa com outras amigas que não ela mesma.

Essa é a mesma lógica que gera o orgulho. Pense no orgulho como a satisfação de alguém de ver uma representação daquilo que ela mesma aprovaria no comportamento de uma pessoa que ela ama, ou que ela ajudou a construir, como um filho, por exemplo.

Veja, eu não sei se você concorda, mas orgulho é uma forma de amor a si mesmo: Se você é orgulhoso de si mesmo, isso já fica bem claro, mas quando você é orgulhoso dos próprios filhos, você os ama mais por serem aquilo que você acha que deveriam ser, por representarem você.

E isso é um problema, porque se por um lado nós incentivamos aquilo o que é certo, nós pressionamos e cobramos que o comportamento da pessoa mude de acordo com a nossa vontade. No caso do relacionamento entre pais e filhos isso na maioria das vezes é sadio, é a construção de caráter da melhor forma que o pai acredita ser, no entanto, nós não fazemos isso apenas com os nossos filhos. Essa cobrança constante acontece em todas as outras formas de amor, mais ou menos em cada uma. Vamos dar o exemplo aqui do amor conjugal.

Você ama o seu marido ou esposa, mas você está constantemente criticando por ela não fazer as coisas que na sua cabeça seriam as melhores a serem feitas. Você exige os comportamentos e atitudes que do seu ponto de vista são os melhores, e que as vezes, nem mesmo beneficia a pessoa, mas apenas a você. E isso, sendo que o amor, na teoria é uma afeição pela pessoa, ou seja, pelo que ela é. Amar deveria ser assim, aceitar a pessoa com os comportamentos, atitudes e crenças que ela tem, não como você queria que fosse

Por que se não for assim, você está se arriscando a não amar a pessoa, mas amando uma imagem daquilo que você gostaria que ela fosse. Por que é isso que na maioria das vezes fazemos: nós criamos uma forma para o comportamento ideal da pessoa, do nosso ponto de vista, e tentamos fazer a pessoa caber na forma. E o pior é que na maioria das vezes, essa forma é muito mais parecida conosco, do que com a própria pessoa que se esforça ao máximo para caber nela.

Esse é, talvez o maior desafio para o amor, saber se nós realmente amamos as pessoas por elas mesmas, ou se amamos o nosso próprio reflexo refletido nelas.

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