Uma introdução de como estudar História

Uma introdução de como estudar História

A História é a ciência que estuda a sociedade humana. Por isso, ela tem de começar no momento em que as sociedades se formam. No máximo, ela põe um pé na Biologia, de vez em quando, para ter um ponto de partida ao explicar as primeiras sociedades. É preciso entender que algumas características da sociedade humana são instintivas e não completamente culturais.

Como a caça, por exemplo: ela é uma prática até hoje cultural, e mesmo no primórdio dos nossos tempos, exigia uma forma de sociedade entre os caçadores. Ainda assim, o hábito da caça vem da necessidade biológica de comer carne.

A história tem suas limitações. Olhar para o passado é como olhar para uma paisagem longínqua, uma extensão de vários quilômetros de florestas e montanhas. Quanto mais distante do observador está o objeto, mais difícil é de precisar o seu tamanho, ou a sua posição no ambiente. Algumas árvores parecem estar lado a lado, de determinada distância, mas ao nos aproximarmos dessas árvores, percebemos que a imagem estava distorcida pela perspectiva, e que na verdade uma estava a mais de um quilômetro de distância da outra.

É por isso que, quanto mais distante no passado está um evento, com menos precisão os historiadores conseguem o datar. E conforme vamos analisando objetos mais próximos de nós, a nossa visão deles é mais nítida e precisa. Pena na história não podermos nos aproximar dos eventos como nessa alegoria, poderíamos nos aproximar das árvores para atestar nosso conhecimento.

Partes da história nem mesmo podem ser alcançadas, e tem de ser preenchidas por teorias. É como reconstruir o esqueleto de um dinossauro, por exemplo. Temos que criar nós mesmos algumas peças, e decidir as teorias que melhor se encaixam no contexto total. As teorias mais aceitas são decididas em conselhos, por alguns dos maiores historiadores do mundo. Nem sempre, os pedaços que encontramos não são suficientes para tirarmos conclusões, e acabamos com mais perguntas do que respostas. Existem momentos em que cada organização cria sua teoria, e não chegamos a um consenso, e aí cada historiador escolhe o osso que melhor se encaixa no dinossauro.

A história depende de registros, que são deixados pelas pessoas que viveram naquele momento: listas de inventários, registros de batalhas, diários de guerras, cartas, ruínas, pedaços de ferramentas abandonadas, ou cerâmicas quebradas. De preferência objetos que não tenham sido deixados para o futuro com o propósito de registrar o que estava acontecendo, já que quanto menos influenciado pela visão ou pela intenção do autor do registro, mais precisa e crítica é a análise de tal.

Um bom exemplo disso é quando encontramos flechas e armaduras de uma determinada civilização nas ruinas de outra civilização espantosamente distante, e concluímos que uma batalha de grandes proporções ocorreu naquele lugar. É o exemplo da cidade que hoje acreditamos ser Troia, onde nove níveis de ruinas foram encontrados em escavações arqueológica, como se tivesse sido destruída e reconstruída por nove vezes.

Por outro lado, temos que considerar que quando um capitão romano escreve uma carta para o seu general descrevendo os hunos como “animais montados em cavalos, tão selvagens que dificilmente se diferenciam das montarias, que comem carne crua e tem estaturas de crianças”, parte dessa observação vem do ressentimento.

Mas voltando na analogia da paisagem longínqua, quando estudamos eventos mais próximos do nosso tempo, os objetos vão ficando cada vez mais nítidos, mas a nossa visão alcança mais documentos e fontes, os registros são mais abundantes, e precisamos de mais gente para olhar em todas as direções desse horizonte. Quanto mais próximo de nós, mais a posição de cada observador influencia no que ele de fato vê, e mais variadas são as opiniões dos cientistas.

E o mais interessante nessa alegoria da paisagem, é pensar que assim como não conseguimos também ter uma visão muito clara do que está extremamente perto de nós como por exemplo, o nosso próprio nariz, a História não é boa o suficiente para analisar o que está acontecendo em um tempo extremamente contemporâneo. Para isso, temos a Sociologia, e outras ciências humanas, mas é questão de tempo, tudo vira história um dia.

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