História: A idade da pedra em uma semana

História: A idade da pedra em uma semana

Esta será uma viagem de milhares de anos, que Rousseau explica em algumas páginas, e que nós resumiremos aqui de um jeito que vai te fazer pensar que foram apenas algumas semanas, mas não se engane. São milhões de anos em ações repetidas para desenvolver uma habilidade, seja manual, ou cognitiva. 

Cada avanço na pré-história levou mais tempo do que as nossas mentes seriam capazes de ter uma ideia concreta que não seja um número de vários dígitos.

Pois bem, comecemos com o nosso homenzinho selvagem. Ele caça em bandos. São alguns, mas ele não sabe contar, então não é importante. Eles caçam como lobos, encurralam a presa, e dividem a carne com as fêmeas e os filhotes.

Numa determinada tarde, um deles, correndo de um touro selvagem, se corta em uma pedra.

Ele percebe então que essa pedra é perigosa, e se é perigosa para ele, por que não para seus inimigos? Então ele pega aquela pedra, e tenta machucar suas presas com ela.

De primeira, a coisa funciona, mas ele não tem tanta força para cortar com ela como ele se cortou quando corria. Talvez se afiar ela mais um pouco, precise aplicar menos força. E não é que ficou melhor?

Depois de algum tempo (milhões de anos), ele percebe que para usar essa pedra contra uma fera, ele precisa chegar perto demais, e que isso não é seguro, então ele amarra a pedra na ponta de uma vara. Agora que já desenvolveu e disseminou a habilidade manual para afiar as pedras por tanto tempo, que seu corpo já tem habilidade para prender a pedra de alguma forma à vara.

A coisa então começa a dar certo, e agora seus colegas de caça estão todos equipados desse dispositivo altamente tecnológico. Com essa vantagem, eles comem melhor, ficam mais fortes, suas mulheres tem mais filhotes, e a população aumenta. Mais carne é necessária.

Agora já aprendemos a nos comunicar mesmo que só o suficiente para explicar para o seu amigo, como afiar a tal pedra, então está na hora de desenvolver a comunicação no nosso cérebro. Nosso homenzinho pega uma pedra, e com ela desenha um boi bebendo água no lago ao lado do sol. Seus amigos demoram um tempo para entender que aqueles rabiscos tem um significado, e mais ainda para entender que significam um boi, e depois ainda mais para entender que se o sol está ao lado do boi, e não a cima, quer dizer que ele está se pondo.

Pronto, entenderam a mensagem. O boi vem ao lago beber água ao por do sol, geralmente. Então ele desenha uma porção de bonequinhos de palito em volta do boi, com as lanças apontadas, para que eles entendam que aquele é o momento para encurralar o animal.

O cérebro humano emitiu e captou a primeira mensagem. O boi morreu, a tribo se alimentou, e a prática foi passada de pai para filho por mais vezes do que sabemos contar. Cada vez com mais detalhes, cada vez mais rapidamente, cada vez com mais sucesso.

Agora eles precisavam se mover de lugar em lugar, atrás de comida, por que suas habilidades de caça eram tão ferozes e organizadas, que em pouco tempo, extinguiam ali, toda a fonte de alimentos. Até mesmo os frutos e vegetais eram todos consumidos. Então, levantavam seu acampamento, e seguiam para o próximo ponto de interesse, agora carregando suas roupas de pele (se aquecem os ursos, então podem nos aquecer também), juntavam as suas ferramentas e pertences fabricados para ajudar na coleta e armazenamento de comida e água, e seguiam viagem.

Com o desenvolvimento de pensamento estratégico e do planejamento a longo prazo, como nas viagens, por exemplo, era necessário escolher um que decidisse para onde ir, o que caçar, e como caçar. Era necessário um líder para organizar as estratégias dos outros caçadores. É aí que começa a reinar a posição de liderança entre os homens.

É chegada então a hora em que os homens tem dificuldade demais para encontrar comida o suficiente para tribos tão grandes, e um indivíduo percebe que é muito mais fácil criar os animais em ambiente controlado do que caçar, até por que animais criados não se defendem, principalmente se forem herbívoros. Se parassem perto de um rio, não só teriam água garantida para toda a comunidade, como pasto garantido para os animais, peixes para pescar, e poderiam fazer suas próprias árvores frutíferas.

Nasce então a pecuária e a agricultura, e em torno de grandes rios ao redor do mundo, começa a Revolução Neolítica.

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