Filosofia: Existencialismo contra materialismo e idealismo

Filosofia: Existencialismo contra materialismo e idealismo

Um dos grandes focos da filosofia sempre foi identificar a natureza do todo, do mundo, do que somos, de quê somos feitos. Se você acompanhou o nosso texto refletindo sobreo mundo das ideias, ou seja, das essências e o mundo das coisas, você acompanhou o pensamento dos gregos para definir se a existência está no nosso corpo físico, na existência material, ou na concepção, no mundo etéreo das ideias e das essências.

A dúvida é muito honesta. A discussão, entre ouras coisas, reflete se, quando alguém te pergunta quem você realmente é, na tentativa de responder, você vai procurar uma resposta no seu espírito, na natureza das suas ideias, da sua mente e das suas características, ou se você vai procurar a resposta na sua história, nas suas experiências e nas marcas que você e o mundo mutuamente fizeram entre si.

Pois bem, hoje falaremos de uma filosofia diferente, que se baseia em outra lógica, que é o Existencialismo, nascido bem recentemente, ao longo do século XX.

Pense nos átomos. Compõem toda a matéria, certo? Apenas energia em constante movimento, girando em torno de outras partículas e em torno delas mesmas. Com quanto mais força se movem, mais energia carregam, maior sua parte na composição da matéria. Se uma partícula se aquece, ela assume mais energia, tem de girar mais rápido em resposta. Pelo contrário, quanto mais fria ela se torna, mais lentamente se move, mas jamais pode deixar de se mover. A ausência de movimento seria a ausência de existência.

Pense nisso como a filosofia poética em Hamlet. “Ser ou não ser” ou seja ser é agir, enfrentar, tomar decisões, se mover. Existir é estar em atividade. Não agir, não se mover, na famosa fala de Shakespeare, é não existir, estar morto. Essa é mais ou menos a lógica do Existencialismo.

Tudo o que nós somos não tem origem na nossa alma ou espírito, não pode ser definida pela nossa essência ou pelas nossas características, embora a nossa característica influencie no que somos, e na nossa natureza, mas também não tem origem naquilo pelo que passamos, nos encontros materiais e nas experiências, já que a todo momento somos livres para tomar as decisões que quisermos e ainda refletir se elas estão sendo influenciadas pelas nossas experiências.

No Existencialismo, nós somos o que fazemos, e só somos na medida em que agimos. Se agirmos diferentemente, nos tornamos outras pessoas, se deixarmos de agir, deixamos de ser. Diferente de qualquer animal ou objeto inanimado que é determinado puramente pela própria natureza, o homem é capaz de decidir com liberdade o que quer ser.

A liberdade é aqui o ponto chave, por que é nisso que ela se diferencia de qualquer das outras duas visões. No essencialismo, não importa por onde vá, o que aprenda, o que tenha ou com quem esteja, você sempre será fiel à sua natureza. Nunca vai deixar de ser quem você é. Todas as suas qualidades e defeitos já estão lá dentro, em algum lugar, prontos para serem trazidos para fora. Você não tem liberdade para decidir o que quer ser, ou como mudar. O maior exemplo dessa filosofia é a frase: “uma vez ladrão, sempre ladrão”.

No materialismo, se existe uma essência, ela é constantemente alterada pelo encontro com as essências dos outros. O que você aprende muda quem você é, e você sempre vai carregar aquilo com você, um ser altamente influenciável pelo meio, não tem liberdade de ter um pensamento completamente neutro, completamente livre de influência do ambiente. A melhor frase para refletir sobre isso é (diga-me- com quem tu andas, que te direi quem és)

No existencialismo, eu te direi que você é o que é, por que você decidiu por ser. Você anda com quem quer que ande, por que decidiu andar, esse algo influenciou o que você é, foi a sua decisão. E partir da decisão, você já não é o mesmo que era antes de. A sua essência está nas suas ações, por que as suas atitudes é que te formam.

É uma concepção difícil pra você que está acostumado com a lógica da causa/efeito, mas é preciso reconhecer que é pelos nossos atos que conhecemos tantos os outros quanto nós mesmos. Quantas vezes você fez algo que nunca achou ser capaz de fazer, e a partir daí você notou que nunca mais seria o mesmo? Você pode me dizer que era apenas uma potência que estava guardada em algum lugar, ou que você aprendeu isso com alguém, mas a decisão de fazer é inegável.

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