Filosofia: A compreensão dos Gregos sobre o Universo e a Ciência

Filosofia: A compreensão dos Gregos sobre o Universo e a Ciência

Vocês já ouviram a frase "O universo está conspirando ao meu favor"? Essa lógica é bem mais antiga do que você imaginava!

A primeira coisa que você precisa entender é que a ciência, do ponto de vista dos gregos, era bem diferente da nossa. Hoje, nós compreendemos o mundo através de dúvidas e de provas. Tudo o que nos é dito passa por um filtro de pensamento crítico antes de ser aceito, já que as nossas ciências funcionam na base do teste comprovado. Na Grécia Antiga, funcionava na base da teoria, no seu sentido original de "contemplação do divino", ou seja, a verdade está no mundo, está na natureza, e cabe a quem tem espírito e capacidade de interpretação, observar e compreender como a natureza funciona.

Dito isso, eles obviamente traçam uma análise do mundo baseada na própria cultura e ponto de vista, e o primeiro ponto que eles inserem nessa análise é a ordem. Na cultura grega, a ordem é extremamente importante, desde que Zeus subiu ao trono, eliminando o caos do governo de seu pai, Cronos, e estabeleceu um governos organizado, delegando uma parte de seu poder a cada deus subordinado a si. A relação dos gregos com a ordem está nesse nível, quase religioso.

Então para os gregos, o universo é ordem, e cada um de nós é uma pequena parte, como um grande quebra-cabeças, onde cada um de nós é uma peça. Se não estivermos onde precisamos estar, então sentimos toda a infelicidade e sofrimento que é não estar fazendo aquilo que fomos criados para fazer. O universo está dentro de nós nos impulsionando para onde devemos ir, e nós sentimos essa atração no formato de vazio interno, na sensação de não estar completo.

Mas a força de atração do universo não é necessariamente emocional, essa é apenas a forma com que se manifesta no nosso espírito. Ele nos impulsiona fisicamente também. E a forma mais adequada para compreender isso é a concepção da composição do universo em elementos.

A terra é plana, e está no centro do universo. Tudo o que existe precisa ir para o centro do universo, por que ele é uma espécie de centro organizacional, de referência. Só que cada elemento é puxado para o centro do universo com uma força diferente. A água, por exemplo, é puxada para o centro do universo mas respeitando a terra, que sempre tem de estar por baixo, mais próxima do núcleo. 

O ar por sua vez, é mais abundante e se acumula perto do mar, o mais baixo que pode, apesar de ainda existir de forma mais escassa em locais altos, por que o ar tem a necessidade de estar a cima da água, ele é puxado para lá com toda energia do universo, de forma a respeitar a posição da água. E por último o fogo, que apesar de ser visto onde está o ar, ele é considerado como o último elemento, por que está sempre se movendo para cima, como se precisasse boiar sobre o ar, e ficar no topo, ou do contrário, ficaria inerte.

Existe, além desses elementos, o quinto, que é o Éter, representado pelas estrelas e astros que giram no céu, dando uma ideia de perpétuo, de imortal, são uma representação dos deuses no topo do Olimpo, aquilo do que os deuses são feitos, por que até eles tem o seu papel no universo. É assim que o que é celestial ganha a conotação de divino

Bom, de qualquer forma, essa é a força com a qual o universo nos impulsiona para o nosso lugar, e tudo na natureza obedece essa ordem, cada planta, cada rio, cada animal faz aquilo para o que foi criado. Apenas o homem, que tendo o poder de pensar, tem a liberdade para tomar decisões que o deixa sob o risco de cair fora do lugar, de se desenraizar e de perverter a ordem natural das coisas.

E é interessante saber que esse ponto de vista perdurou mesmo depois do tempo dos gregos, durante a Idade Média, pela dominação da Igreja Católica, por que ela permitia dizer que todo e qualquer indivíduo era importante em si, mesmo que socialmente não fosse ninguém, ou que achasse ser insignificante. O universo, agora traduzido como Deus precisava de todos no lugar em que estavam, trabalhando , rezando e lutando, para que a vontade de Deus se cumprisse, e era a vontade de deus que movia a tudo e a todos, uma vontade muito mais intencional e consciente do que a força do universo.

Só depois do renascimento, lá para os séculos XV e XVI é que novas formas de pensar vão surgir, novas liberdades para desenvolver pensamentos científicos, e constatar novas verdades a partir da lógica material , para compreender o mundo de verdade, por meio de descobertas científicas e testes, gerando a ciência que conhecemos hoje.

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