A Ação Destrutiva da Bomba de Nêutrons

A Ação Destrutiva da Bomba de Nêutrons

A bomba de nêutrons é a última categoria da bomba atômica. Geralmente é um dispositivo termonuclear pequeno, com corpo composto por níquel ou cromo, no qual os nêutrons gerados na reação de fusão nuclear intencionalmente não são absorvidos pelo interior da bomba.


As emanações de raios-X e de nêutrons de alta energia são o principal mecanismo destrutivo do equipamento. Os nêutrons são mais penetrantes que outros tipos de radiação, de tal maneira que muitos materiais de proteção que bloqueiam raios gama são pouco eficientes contra eles. A bomba de nêutrons tem ação destrutiva apenas sobre organismos vivos, mantendo, por exemplo, a estrutura de uma cidade intacta. Isso pode representar uma vantagem militar, visto que existe a possibilidade de eliminar os inimigos e apoderar-se de seus recursos.

Os efeitos de uma explosão nuclear podem ser divididos nas categorias: a explosão, a radiação térmica, a radiação nuclear direta e a indireta.

A reação de explosão no núcleo de uma Bomba atômica consiste em uma onda de choque que se espalha na forma de uma esfera com raio crescente. Esta onda de choque é um aumento seguido de uma diminuição da pressão do ar, ambos muitos rápidos. A uma distância de 1 km, uma explosão de uma bomba atômica (fissão nuclear) de 20 kiloton provoca uma variação na pressão da ordem de uma atmosfera. Isso é suficiente para destruir construções de concreto, como casas e prédios. Uma bomba termonuclear (fusão nuclear), pode chegar a até 10 megaton (= 10.000 kiloton). 1 kiloton significa 1.000 toneladas de explosivo TNT (trinitrotolueno), o que equivale a 1012 calorias, ou 4.184 × 1012 J de energia. A densidade de energia que a onda de choque carrega diminui com o inverso do quadrado da distância (1/r²), por um fator puramente geométrico. A 2 km de distância, a mesma bomba atômica provoca uma onda de choque com uma variação de 0,25 atmosferas, o que é suficiente para destruir casas de madeiras e atirar escombros a mais de 360 km/h.

O outro efeito destruidor das armas nucleares é o calor liberado. Este, porém sofre mais diminuição do que a onda de choque, porque além do fator geométrico 1/r² ainda há a absorção e espalhamento da radiação térmica pelo meio. Mesmo assim, a 2 km de distância, uma bomba atômica de 20 kilotons ainda provoca queimaduras de terceiro grau nas pessoas e é capaz de incendiar materiais inflamáveis como madeira e tecidos. No local da explosão, a bola de fogo se forma tão rapidamente que provoca ventos de 180 a 360 km/h, o que espalha mais ainda o incêndio causado. Este efeito não é uma exclusividade das bombas nucleares. Estas apenas têm uma maior intensidade. Com uma única bomba termonuclear é possível, considerando os dois efeitos já descritos, destruir completamente uma área circular com raio de 10 km. Com uma explosão nuclear, nêutrons e radiação gama são emitidos. Ambos decrescem com 1/r² e a distância na qual são letais é a mesma para as ondas de choque e térmica. Os efeitos desta radiação são o aparecimento de várias doenças, como tipos variados de câncer e modificações genéticas. Estas modificações se devem a troca das bases nitrogenadas na sequência da molécula do DNA.

Outro efeito exclusivo de bombas atômicas é devido aos elementos radioativos que são liberados na explosão. Eles são vaporizados devido ao calor liberado e vão para a atmosfera formando nuvens carregadas com elementos radiativos, conhecidas como nuvens radioativas. Estas nuvens podem circular durante anos. Nas chuvas, estes elementos caem e se infiltram no solo, entrando em contato com o lençol freático. Quando essa água é absorvida pela vegetação, os elementos radiativos vão junto. Em seguida esses elementos podem chegar ao organismo do homem de várias maneiras diferentes. Uma delas é o homem ingerir diretamente alimentos vegetais contaminados. Outra, é o homem comer carne de animais que se alimentaram de vegetação contaminada. Uma vez os elementos estando no corpo humano, vão se acumulando. Cada elemento pode ter um efeito danoso particular. O estrôncio, por exemplo, é muito similar ao cálcio. Devido a isso, ele se acumula facilmente no tecido ósseo do corpo humano. Assim, a pessoa fica com o esqueleto extremamente fraco e debilitado, podendo quebrar algum osso muito facilmente, além de ficar muito propenso a ter câncer nesses tecidos.

Eliminando o material físsil de uma bomba termonuclear, é possível fazer uma bomba com uma explosão limpa, que não provocará chuva radioativa no futuro, e seus efeitos nocivos.
Ainda há outro efeito exclusivo de bombas nucleares. Além da radiação gama, há uma grande emissão de raios X. Essas duas radiações interagem com as moléculas da atmosfera, criando uma grande corrente de elétrons que se espalha a partir do ponto de explosão. Estes elétrons são acelerados pelo campo magnético da Terra gerando ondas eletromagnéticas na forma de um pulso. Tal pulso pode gerar um colapso na rede elétrica de uma cidade impossibilitando qualquer uso de energia elétrica. Esse é o chamado efeito PEM (pulso eletromagnético).

As Bombas de Nêutrons não apresentam efeitos explosivos, como destruição de construções de concreto. Eliminando o 238U, essas bombas 'reduzem' o seu poder para a faixa dos kilotons. Quando ativadas, elas produzem um intenso feixe de nêutrons, que carregam uma dose letal de radiação. Estima-se que uma bomba de nêutrons de 1 kiloton sujeita um homem, protegido com colete e a uma distância de 1 km, a uma dose de 103 rads. Isso é suficiente para matar em um prazo de poucos dias. Essas bombas de nêutrons tiveram um objetivo específico quando projetadas: serem usadas quando um exército inimigo invadisse um território. A razão disso é que a bomba de nêutrons mataria todo o contingente inimigo, mas deixariam intactas as construções, já que uma bomba termonuclear normal destruiria todo o território, ao invés de salvá-lo.

História

O conceito da bomba de nêutrons foi desenvolvido por Samuel Cohen do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, em 1958. Apesar de inicialmente sua prova ser contrariada pelo então dos Estados Unidos, Presidente John F. Kennedy, ela acabou sendo autorizada e realizada em 1963, numa instalação de testes subterrânea no estado de Nevada (EUA). O desenvolvimento da bomba foi adiado subsequentemente pelo Presidente Jimmy Carter em 1978, por conta dos protestos partidários contra os planos da sua administração para desenvolver ogivas de combate de nêutrons na Europa. O Presidente Ronald Reagan reiniciou a produção em 1981.

Três variantes foram construídas pelos Estados Unidos: O W66, ogiva de combate para o sistema de míssil anti-ICBM Sprint, que foi produzido e desenvolvido na metade dos anos setenta e se encerrou logo depois disso junto com o sistema de míssil; o W70 Mod 3, ogiva de combate, desenvolvido para o míssil de alcance limitado, tático Lance; e o W79 Mod 0, que foi desenvolvido para baterias de artilharia. Os dois tipos posteriores foram encerrados pelo Presidente George Bush (pai), em 1992, devido ao fim da Guerra Fria. O último modelo, W70 Mod 3 foi desmantelado em 1996, e a última bomba de nêutron restante foi desmantelada em 2003 quando do desmantelamento de todas as classes de W79 foi completada.

A França testou uma bomba de nêutrons no Atol de Moruroa em 24 de Junho de 1980. Armas de radiação ampliadas também foram produzidas pela França nos primeiros anos da década de 80, entretanto eles destruíram estas armas posteriormente. O "Cox Report de 1999" informou que a China poderia produzir bombas de nêutrons, e que Israel desenvolveu bombas de nêutrons em 1996, embora não se conheça nenhum País onde estejam sendo desenvolvidas atualmente tais bombas.

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