Quem foi Jean Jacques Rousseau

Quem foi Jean Jacques Rousseau

Filósofo mais popular durante a Revolução Francesa, Jean Jacques Rousseau foi um dos principais influenciadores da formação do pensamento politico e educacional moderno.


Rousseau procurou primeiramente entender e estabelecer uma visão acerca do comportamento humano no chamado estado de natureza, um conceito em filosofia moral e política que denota as condições hipotéticas de como a vida dos humanos pode ter sido antes da existência da sociedade civil organizada. Este tipo de investigação levou seu estudo no sentido de questões como "como o governo emergiu de tal condição?", "como as pessoas viviam antes da existência de uma sociedade civil?" e especialmente "quais são as razões hipotéticas para se estabelecer um estado-nação?".

Rousseau dedicou-se particularmente a desafiar a posição de Thomas Hobbes acerca do estado de natureza. De acordo com Rousseau, Hobbes simplesmente apropriou-se de pessoas civilizadas e as imaginou em uma situação em que não há sociedade. Para Rousseau, o experimento não é legítimo, uma vez que tais pessoas, sendo educadas na sociedade, carregam consigo os valores, as estruturas e a forma de agir. O autor preferia a ideia de um estado de natureza como um estado de liberdade verdadeira, em que as pessoas não fossem boas ou más, mas vistas como uma folha em branco, o conflito em estado de natureza não é tão acentuado quanto em sociedade.

Defendeu ainda que, a sociedade moderna, e especialmente as posses, destroem o estado de natureza de verdadeira liberdade, gerando conflitos que de outra forma, embora possam existir pontualmente, não seriam severos.
Esta posição naturalmente leva a ideia de um homem pacifico, embora solitário, no estado de natureza. O que condiz com a hipótese de Rousseau de que o homem em estado de natureza possuiria uma moral ainda não corrompida, entendendo a moral como inata, o que fica claro quando afirma que o homem possui uma repugnância inata a ver os outros de sua espécie sofrerem, e atribuindo portanto a corrupção desta moral à sociedade organizada. Esta posição foi atacada pelo empirista britânico David Hume, demonstrando a dificuldade que se tem em demonstrar a importância da justiça como uma virtude, se aceitarmos que toda a responsabilidade pelos conflitos advém da sociedade. Por outro lado a posição de Rousseau é muito popular entre ambientalistas, com ou sem formação filosófica, por justificar a defesa de que o homem viva o mais próximo possível do estado de natureza.

Rousseau teoriza ainda que, o estado de "selvagem" seria o terceiro estágio do desenvolvimento humano, um estado intermediário entre, de um lado, o estado de animalidade e um estado semelhante ao de macacos e, de outro lado, a sociedade decadente. O estado de selvagem sendo um estado de melhor otimização das qualidades morais, ainda não corrompido, mas suficientemente organizado.

No entanto, Rousseau não chega a aderir ao conceito de "bom selvagem", o que implicaria na ideia de que seria adequado retornar ao estado de natureza. Arthur Lovejoy esclarece que, a noção de decadência presente na obra de Rousseau é mais próxima daquela apresentada por Hobbes, embora discordem acerca da natureza do homem, concordam que a inteligência difere o homem dos outros animais, de modo que a sociedade é inevitável e mesmo desejável. Ao invés de voltar atrás, o caminho seria reorganizar a sociedade por meio do contrato social.

O contrato social, na visão de Rousseau, preserva a vida humana e garante a liberdade, por meio da submissão à autoridade da vontade geral. Isto garantiria a liberdade na medida em que a decisão é geral e portanto o indivíduo, fazendo parte da decisão, não está subordinado a vontade de outros, mas sendo parte da autoria coletiva da lei.


Referências:

BONAVIDES, Paulo. Democracia e liberdade. In Estudos em homenagem a J.J. Rousseau. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1962.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

TOTO, Francesco, « Passione, riconoscimento, diritto nel 'Discorso sulle origini della diseguaglianza'», in Postfilosofie, 2007.

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