O que é Dualismo e Monismo na Filosofia

O que é Dualismo e Monismo na Filosofia

Ramo da filosofia que trata dos estudos referentes a natureza da mente, dos eventos mentais, funções e propriedades mentais, consciência e a relação destes com o corpo, a filosofia da mente ocupa-se particularmente, mas não exclusivamente, do problema mente-corpo, questão clássica em filosofia que trata da forma como a mente se relaciona com o corpo, dado que o corpo é uma entidade física e a mente é uma entidade não-física. Nas investigações relativas aos problema mente-corpo as duas principais correntes são dualismo e monismo. O dualismo já estava presente na filosofia do filósofo grego Platão, entendendo que a mente e o corpo seriam duas entidades distintas.


A posição foi, no entanto, apresentada, nos moldes utilizados pela filosofia da mente, por René Descartes no século XVII. Ambos defendiam um dualismo de entidades, sendo que a mente seria uma entidade e o corpo seria outra entidade distinta. No dualismo de propriedades entende-se que a mente possui um conjunto de propriedades distintas das propriedades do corpo, mas que a mente emerge do corpo, particularmente do cérebro, mas estas propriedades não podem ser reduzidas às propriedades do cérebro, sendo ainda completamente independentes, embora a mente não se constitua como uma entidade substancial distinta.

O monismo por outro lado foi introduzido na história da filosofia pelo filósofo grego Parmenides, no século V antes de Cristo, e defendido ao longo da história da filosofia por autores como Baruch de Espinoza, entendendo que há apenas uma entidade. A principal corrente monista é a posição conhecida como fisicalismo. Tal posição defende que apenas as entidades que podem ser postuladas por teorias físicas são de fato existentes, portanto, ou o corpo e a mente são uma única entidade, ou a mente não existe em absoluto. As formas de monismo contemporâneas são, em geral, variações do fisicalismo, incluindo monismo anômalo, teoria da identidade de tipo, behaviorismo, funcionalismo, entre outras.

A abordagem fisicalista da filosofia da mente tem sido particularmente influente nas ciências, especialmente em psicologia evolutiva, sociobiologia e ciência da computação.

A possibilidade da consciência é também um problema abordado pela filosofia da mente, que não tem relação direta com o problema mente corpo. Esta questão é explorada em detalhes no livro de John Seale O Mistério da Consciência, de 1998. Nesta obra Searle explora como é possível que os processos neurobiológicos sejam causa dos nossos estados conscientes, estados estes que incluem desde sensações cotidianas, como uma dor de cabeça, até grandes eventos da vida, expressando portanto uma posição fisicalista. Searle critica que, um dos impedimentos para formular questões corretas que poderiam nos direcionar às respostas para a questão da consciência é a abordagem que vê o cérebro como uma máquina e a mente como um programa de computador (software). Desta forma, Searle nega a teoria da Inteligência Artificial Forte, no que diz respeito a afirmação de que qualquer sistema capaz de implementar um programa adequado e suficientemente complexo produziria consciência.

Em seu Argumento do Quarto Chinês, Searle demonstra que a mente não pode ser entendida como um programa de computador, uma vez que esta possui capacidade semântica, enquanto programas de computador são estritamente sintáticos. É impossível, segundo Searle, produzir conteúdos semânticos a partir de mera sintaxe tomada isoladamente.

Entre outras questões exploradas pela filosofia da mente estão, a questão epistemológica de como a mente conhece a si mesma e a intencionalidade, como sabemos que os estados mentais representam o que acreditamos que eles representem, a relação entre estados mentais e estados de coisas no mundo. Inclui também outras questões metafísicas como a identificação da mente com os pensamentos e sentimentos, ou sua identificação como uma entidade superior a estes.


Referências:

David Chalmers. 1996. The Conscious Mind. Oxford: Oxford University Press.

Gilbert Ryle. 1949. O conceito de espírito.

Hilary Putnam. 1975. "O significado de 'significado'".

Immanuel Kant. 1781 e 1787. Crítica da razão pura.

João de Fernandes Teixeira. Filosofia da Mente: neurociência, cognição e comportamento. Claraluz: São Carlos, 2005.

John R.Searle. 2004. Mind: A Brief Introduction. New York: Oxford University Press.

John R.Searle. O Mistério da Consciência. Tradução de André Yuji Pinheiro Uema e Vladimir Safatle. São Paulo: Paz e Terra, 1998. 1998

René Descartes. 1641. Meditações sobre filosofia primeira.

Thomas Nagel. "Como É Ser um Morcego?, 1974.

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