Estudo sobre Dízimo e Oferta

Como era dado o dízimo no Antigo Testamento?


O costume de dar o dízimo não se originou com a lei mosaica. Em Gênesis 14 vemos que depois de Abraão ter socorrido , na batalha dos reis, ele recebeu visita de dois reis. O primeiro foi o rei de Sodoma, que veio para expressar sua gratidão, e o segundo foi Melquisedeque, o rei de Salém, que veio abençoá-lo e (v 17-20) e Abraão lhe deu o dízimo de seus despojos.

De todos os Judeus foi requerido que pagassem dízimos da semente da terra, o fruto da árvore, a erva e o rebanho (Lev 27.30-32)


Os Judeus deviam entregar seus dízimos aos levitas (Nm 18.21s). Que cuidavam do templo (Nm 18.21-24), que por sua vez apresentavam “uma oferta alçada ao Senhor” que representava o dizimo dos dízimos (Nm 18.26), que tinham de ser dados ao sacerdote, conforme Num 18:25-28. (ver também Ne 10.39).

Os dízimos deveriam ser levados ao lugar que o Senhor escolher (Dt 12:5-17), isto é Jerusalém e seu oferecimento deveria tomar a forma de uma refeição ritual, em que o levita também tomava parte (Dt 12.7-12). Em cada terceiro ano o dizimo deveria ser oferecido na própria localidade do dizimista para que os mais necessitados também comessem e se saciassem (Dt 14.28s).

Esta era a prescrição da Lei. Lei esta que Jesus Cristo nos libertou através de seu nascimento, morte e Ressurreição. O sacerdócio levítico acabou, “se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei” (Hb. 7:11-12). “O sacerdócio levitico acabou, mudou-se a lei, o sacerdote agora é o Senhor Jesus” (Hb. 7:11-19). “Concluímos, que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à Lei”. Rm.3:28. “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”. Gl.3:11. “Não anulo a graça de Deus; porque, se a justiça vem pela lei, Cristo morreu inutilmente”. Gl.2:21. “Vocês que procuram ser justificados pela Lei, separaram-se de Cristo, caíram da graça.”. Gl.5:4.

O que isso para a igreja de Cristo?


A Lei que Obrigava os judeus a darem os dízimos da semente da terra, o fruto da árvore, a erva e o rebanho como prescreve a Lei de Moisés não existe mais. Estamos libertos deste ritual. Porém, devemos lembrar que Abraão deu dízimo de seus despojos a Melquisedeque, antes mesmo da Lei de Moisés ter originado.

Se Jesus é o Messias, então ele é “sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque”. Conforme aclamado no Salmo 110:4. Essa é a conclusão que teve o escritor da epístola aos Hebreus, declarando a superioridade de Melquisedeque sobre Abraão, e por causa disso, ficou estabelecida a superioridade de Cristo e de Sua nova ordem, sobre a ordem levítica dos tempos do Antigo Testamento. (ver Hb 5.6-11, 6.20-7.28).

Com essa conclusão dada por Paulo, então o dízimo dos lucros que Abraão deu a Melquisedeque, representa claramente o principio sobre dízimo na nova ordem do Novo Testamento.

Melquisedeque é superior a Abraão, Cristo e Sua nova ordem, é superior a ordem levítica dos tempos do Antigo Testamento. (ver Hb 5:6-10, 6:20-7:28)

Portanto os Dízimos de nossos lucros passam a pertencer ao Senhor Jesus. A igreja cristão, que agora recebe os dízimos, não mais sobre os 10% da produção dos filhos de Israel, mas sobre 10% dos rendimentos Filhos de Deus, para mantimento e conservação do templo.

O dízimo de Abraão apareceu, na história do povo de Deus, 400 anos antes da lei. Abraão pagou dízimo quando estava na incircuncisão, isto é, quando ainda era gentio. Portanto o dízimo nada tem haver com a lei no tocante a sua origem, pois surgiu muito antes dela. Arranque-se da Bíblia todo o conteúdo da lei e ainda fica o Dízimo, na sua íntegra exatamente na parte que nos toca a fé e a justiça de Abraão, de quem, espiritualmente, descendemos.

O Significado Melquisedeque no Antigo Testamento está em seu sacerdócio universal e ilimitado, mostrado em Hebreus 7:3, em seu duplo ofício de “rei-sacerdote, e em seu nome (Hb 7.1-2). Ao dar o dízimo a Melquisedeque, Abraão reconheceu que Deus era o verdadeiro Deus, e que o sacerdócio de Melquisedeque era verdadeiro e eterno.

O Senhor Jesus Cristo nos mandou entregar os dízimos?


Jesus não foi contra a cobrança legal Dízimo, nem a favor, mas sim indiferente. Ele advertiu aos Judeus a continuar dizimando. Porém não mais como o preceito mais importante a ser seguido. Em Mateus 23:23 Jesus falou aos fariseus. “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dizimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciados os preceitos, mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas”. Mt. 23:23.

Jesus deixou claro que Ele vaio para cumprir a Lei, e libertar seu povo de todo o cerimonial exigido pela Lei. “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim revogar, vim para cumprir” Mt. 5:17. “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” Mt. 5:18. Jesus cumpriu toda a lei. “Porque o fim da Lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê”. Rm. 10:4.

A Lei do dízimo conforme exigida na Lei acabou, mas a igreja agora segue o exemplo de dizimar conforme fez Abraão a Melquisedeque. Não como o mandamento mais importante a ser seguido e quanto à obrigatoriedade, o princípio supera a regra. Paulo diz aos Romanos que “a força do pecado está na lei”, ou seja, posso dizimar por obrigatoriedade, mas com o coração distante ou com outras motivações. O princípio, neste caso, não é cumprido, pois as intenções do coração se divergem do ato externo. E a incompatibilidade entre o interno e o externo foi à principal crítica de Jesus aos hipócritas e fariseus de seu tempo. Como disse Jesus: “Os preceitos, mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fé”.

Em Atos também podemos ver exemplos de como os primeiros cristãos ofertavam.

“Todos os que creram estavam juntos e tinha tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. At. 2:44-45. Até Barnabé que era levita e que segundo a Lei tinha direito de receber os dízimos não os recebia, pelo contrário, ofertava aos apóstolos, provando assim mais uma vez que essa Lei chegara ao fim. “José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tinha um campo, vendendo-o, trouxe o valor e o depositou aos pés dos apóstolos”. At. 4:36-37.

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria”. II Co. 9:7.

A contribuição deve ser feita de forma voluntária, com alegria e devoção a Deus. “Porém agora estamos livres da lei porque já morremos para aquilo que nos mantinha prisioneiros. Por isso somos livres para servir a Deus não da maneira antiga, obedecendo à lei escrita, mas da maneira nova, obedecendo ao Espírito de Deus. Rm 7:6

“Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for”. I Co.16:1-2. O apóstolo Paulo nunca mandou ninguém fazer sacrifícios, leia acima: “conforme a sua prosperidade”.

Ofertar traz prosperidade?


Esse também é um motivo em que muita gente erra. O contribuir espontaneamente para obra do Senhor é recompensado por tesouros celestiais.

Preferirias tu ter seu tesouro na terra, onde perecerá, ou no céu, onde o gozarás eternamente? Porém muita gente se esquece de lembrar que levar ofertas até o altar tendo alguma coisa contra o seu irmão de nada aproveitará. 

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. Mt. 5:23-24.

Leia também: Provérbios 11:24-25, Mateus 6:19-21, Lucas 12:33

“Mande que façam o bem, que sejam ricos em boas ações, que sejam generosos e estejam prontos para repartir com os outros aquilo que eles têm. Desse modo eles juntarão para si mesmos um tesouro que será uma base firme para o futuro. E assim conseguirão receber a vida, a verdadeira vida.” 1 Timóteo 6:18-19.

O dizimo não é mais uma obrigação, mas um preceito, e a oferta muito menos deve ser dada por interesse. Afirmações como: “Vou dar o dizimo para não ficar desempregado, vou dar o dizimo para eu não ser castigado por Deus, Vou dar o dizimo para ficar rico, prosperar financeiramente” são afirmações erronias e rejeitadas por Deus. A Oferta deve ser dada com gratidão sem se pensar em qualquer tipo de retorno da parte de Deus e não deve ser dado simplesmente por medo de não ser abençoado.

Quem Malaquias chama de ladrão por causa do dizimo?


Para estudar a profecia de Malaquias, devemos comparar com a história de Neemias. Depois de reconstruir os muros de Jerusalém em 52 dias e fazer a renovação da aliança mosaica em 444 a.C., Neemias volta à corte de Artaxerxes e permanece na Babilônia por 12 anos. Durante sua ausência o sumo sacerdote Eliasibe tomou algumas salas de depósito do Templo e transformou em apartamento para Tobias, que é amonita (Neemias 2.19; Dt 23.4) e isso não agradou o povo que acabou deixando de lado a Lei de Deus.

Foi neste período que Malaquias profetizou (432 a.C.) e denunciou essa indiferença e pregou contra essas práticas. “E agora essa advertência é para vocês, ó sacerdotes. Se vocês não derem ouvidos e não se dispuserem a honrar o meu nome… lançarei maldições sobre vocês… Vocês se desviaram do caminho e pelo seu ensino causaram a queda de muita gente; vocês quebraram a aliança de Levi, diz o Senhor dos Exércitos. (Ver Malaquias 2.-19).

Suas palavras foram dirigidas também ao povo e desprezadas pelos sacerdotes. Visto como as câmaras tinham sido usadas como aposentos para Tobias, o povo já não estava mais contribuindo para o templo. No capítulo 3 o SENHOR pede ao povo, que continue a dizimar em sua casa para que não falta mantimentos, pois essa atitude fez com que os levitas para poderem se sustentar voltassem para suas fazendas e abandonassem o templo de Deus (Neemias 13:10-11). Para isso, Malaquias advertiu o povo de que a falta de dar os dízimos era o mesmo que roubar ao SENHOR, e fez promessas ao povo que voltasse a dizimar e ofertar, e Deus fez uma promessa aos Judeus que abriria portas no céu para derramar bênçãos sem medidas. Porém, apesar das advertências de Malaquias, somente quando Neemias voltou a Jerusalém em 430 a.C., os erros foram corrigidos conforme Nee 13.10-11.

Quem é o “devorador” que a Bíblia fala?


Outra coisa que devemos lembrar é que existe um espírito chamado devorador e que muitos pregam por engano que a única maneira de expulsar o espírito devorador da vida dos cristãos é entregando os dízimos e as ofertas conforme Malaquias 3:10,11.

Como já mencionamos, o dízimo não é investimento que traz retorno da mesma espécie. Também não é moeda de troca com Deus, do tipo: “eu dou o dízimo e o Senhor me retribui com prosperidade”. Também não é escudo contra o mal em nossas vidas.

Porém quando ofertamos espontaneamente ou devolvemos o dízimo de nossas rendas como gratidão a Deus, estamos adorando o Senhor, reconhecendo, na prática, que Ele tem cuidado de nós e continuará cuidando. Com isso adquirimos sabedoria e temor do Senhor, o que é muito mais valioso que qualquer bem material. O homem rico, sem Deus é pior que o pobre com Deus. Qual é o fim do milionário que morre sem o Temor de Deus no coração?

O gafanhoto devorador, na maioria das vezes, nada mais é do que consequência de decisões e atos errados de nossa parte, que nos trazem prejuízos. Por exemplo: Compras mal feita ou por impulso; falência ou perda de bens por imprudência, divórcios, doenças, acidentes, etc., tudo consequência da falta de sabedoria e temor do Senhor.

Em alguns casos o gafanhoto devorador pode também ser obra de Satanás, mas ainda assim decorrente, principalmente, do pecado e da infidelidade espiritual, que é a iniquidade. Quando o homem anda em retidão junto ao Senhor, é Ele próprio quem luta e derrota nossos inimigos, inclusive o devorador: “Se vocês lhe obedecerem e fizerem tudo o que ele mandar, eu lutarei contra todos os inimigos de vocês.” (Ex 23:22).

Jesus Cristo disse “Eis que vos dou poder, e tu pisaras TODA obra (poder) de Satanás”. A autoridade que Jesus nos deu sobre as obras de Satanás está no contexto do evangelismo. Quando estamos fazendo a vontade de Deus, isto é, pregando o Evangelho a toda criatura, anunciando o Reino de Deus, temos este poder e somos guardados por Deus. Importante, porém, é saber que esta proteção refere-se à nossa própria salvação e não a coisas materiais, porque isso não tem valor para Deus.

Há muitas pessoas que creem que deixando seus dízimos todos os meses na igreja estarão protegendo todos os seus bens do devorador e se decepcionam ao baterem seus carros ou serem roubados ou qualquer outra coisa do gênero. Pensar dessa forma é um verdadeiro engano do qual as pessoas devem ser alertadas para não perderem sua fé diante dessas situações. Paulo, o discípulo mais fervoroso de Jesus, frequentemente passava necessidades, fome, frio, nudez, perigos de toda espécie, mas a sua salvação foi garantida porque ele foi fiel. Os discípulos de Jesus, frequentemente, não tinham dinheiro nem mesmo para dar uma esmola aos pobres, como a Bíblia relata em Atos cap.3

Conclusão:


O tema “dízimo” continua sendo alvo de muitas e clássicas controvérsias geralmente de procedência hermenêutica, ou seja, má interpretação do texto bíblico. Nossa vida espontânea diante de Deus deve superar a regra com base na consciência e principalmente, na voluntariedade.

Eu acredito que hoje podemos ir além do dízimo em virtude da gratidão e crescente consciência em Deus em nós. Precisamos fazer a obra, construir igrejas para acolher as pessoas que precisam ouvir a palavra de Deus. Todo investimento feito na obra é bem aproveitado. Uma igreja bem construída e confortável é um benefício que será desfrutado por nós e por nossos filhos. É um patrimônio nosso que será deixado para nossas futuras gerações.

Devemos lembrar também que a igreja tem gastos com Conta de luz, água, aluguel, acentos, pintura, impostos, cexta básica aos mais pobres, construção de novas igrejas e o sustento dos missionários no campo. Uma igreja de porte médio não se mantém em pé com menos de 10 mil reais por mês considerando os gastos expostos acima.

Para finalizar, leia a promessa feita aos gentios: “Prevendo as escrituras que Deus justificaria os gentios pela fé, anunciou primeiro as boas novas a Abraão: Por meio de você todos os povos serão abençoados, assim os que são da fé são abençoados junto com Abraão, homem de fé.” Gl. 3:8-9.

Os gentios são abençoados na fé e não no dizimo. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo”. Ef. 1:3.

Na Lei, o DÍZIMO era a causa principal da bênção do povo judeu e a bênção era consequência deste DÍZIMO (Malaquias 3.10) A maneira certa do povo judeu contribuir na LEI era dando o Dízimo para ser abençoado. Na GRAÇA, o Sacrifício de Cristo é a causa principal da bênção do povo cristão.

Já somos abençoados em Jesus, temos que conhecer a palavra.

Fiquem na paz.

Dionatan Zibetti

Referencias de pesquisa:

O novo comentário da Bíblia – F. Davidson – Ed. Vida Nova

O novo dicionário da Bíblia – J. D. Douglas – Ed. Vida Nova

Conheça melhor o Antigo Testamento – Stanley Ellysen – Ed. Vida Acadêmica

Neemias e a dinâmica da liderança eficaz – Cyril J. Barber – Ed. Vida

Professor Dalton – Bacharel em Teologia

Dr. José Gomes da Silva Neto – Bacharel, Mestre e Doutor em Teologia; Doutor em Psicologia Pastoral, Doutor em Psicologia da Religião (Ph.D.); Psicanalista Clínico e Psicopedagogo.


Cléuvis Casagrande – Criador do site conselhos do céu

“o ponto de vista das pessoas acima não necessariamente expressa a minha opinião sobre o assunto pesquisado”

Bíblia de Jerusalém – Ed. Paulus.

Textos citados extraídos da:

Bíblia: Nova Versão Internacional

Bíblia: Nova Tradução na Linguagem de Hoje

Bíblia: Almeida, Revisada e Atualizada.

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