A Filosofia do Determinismo e do Indeterminismo (Explicado)

A Filosofia do Determinismo e do Indeterminismo (Explicado)

Por determinismo compreende-se um sistema no qual tudo vem a ser por causas anteriores, tornando os efeitos que se seguem destas causas necessários e inevitáveis. Em seu sentido mais amplo o determinismo é o nome moderno para a ideia antiga de Demócrito, de que leis causais controlam o movimento dos átomos e que tudo, incluindo a mente humana, consiste de átomos, em ultima instância. Portanto, tudo seria controlado por tais leis causais.


Embora esta seja a origem do termo, e questões sobre o determinismo sejam levantadas desde a antiguidade, a sua evolução foi rápida ao longo do séculos XIX e XX, sendo que hoje há muitas formas de determinismo, dependendo de quais pré-condições são consideradas determinantes de um evento ou ação. A versão mais forte é conhecida como Determinismo Absoluto. Nesta forma de determinismo tudo seria necessário e inevitável devido a uma causa única inicial (também chamada Causa Primeira), embora possam existir diversos processos causais até os efeitos atuais, e tudo o que experimentamos hoje seria consequência desta causa única inicial.

Algumas formas de determinismo podem ser empiricamente testadas como aquelas derivadas de ideias da física e da filosofia da física. Com a evolução da física em geral, e das teorias que apresentam nosso universos como indeterminista em particular, as discussões acerca do determinismo tornam-se cada vez mais frequentes também no século XXI. Em uma forma mais leve, o determinismo é geralmente entendido como Determinismo Causal, uma variação do entendimento da Causalidade, que em física e filosofia da física é conhecida simplesmente como causa e efeito. É o conceito de que os eventos dentro de um determinado paradigma estão vinculados a causalidade de tal forma que todo o estado (de um objeto ou evento) é completamente determinado pelos estados anteriores.

O oposto de determinismo é o indeterminismo. Neste tipo de debate, o determinismo é frequentemente contrastado com o livre arbítrio, especialmente quando tratamos do Determinismo Absoluto.

Debates acerca do determinismo existem desde a Grécia Antiga, podemos encontrar em fragmentos de filósofos estoicos, e mesmo anteriores, discussões acerca dos efeitos de se aceitar o determinismo, especialmente quando aplicado às ações humanas. Segundo estes autores, se no mundo todo viesse a ser de modo absolutamente determinado, incluindo as ações humanas, então tudo viria a ser por uma causa anterior. Assim, também seria com a nossa concordância e discordância em relação às atitudes que tomamos na vida, se esta causa não estivesse em nós, mas em algo anterior a nós.

Se admitirmos que a realidade funciona desta forma, teríamos de admitir que as ações produzidas por esta concordância ou discordância não estão em nosso poder. Disto resulta que não haveria justiça nas punições e censuras que aplicamos em nossa sociedade. A isto, os defensores do determinismo absoluto afirmam que poderia ser o caso de que o papel daqueles que aplicam a punição e censura também esteja determinado por estas mesmas causa anteriores. Com esta discussão vemos como a compreensão do determinismo é fundamental para a questão do livre arbítrio. 

O determinismo em sentido estrito implica em apenas um futuro possível. O oposto disto seria o acaso, uma forma de indeterminismo. No acaso o futuro é imprevisível, permitindo-se assim supor futuros alternativos, de tal forma que a questão passa a ser, como um presente real é realizado a partir destas alternativas.


Referências:

AGOSTINHO. A cidade de Deus. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000.


ARISTÓTELES. A politica. Rio de Janeiro: Edicoes de Ouro.


J. J. C. Smart, "Free-Will, Praise and Blame" Mind, July 1961, p.293-4.

MACIEL, W. Substantivismo, determinismo e o debate acerca do estatuto ontológico do espaço-tempo. Principia (UFSC) , v. 11, p. 427-436, 2012.

Tags :

Nenhum comentário:

Postar um comentário