Contra-iluminismo

Nos anos que se seguiram à Revolução Francesa, cresceu um movimento mais difuso que se opunha às transformações sócio-políticas ocorridas; neste contexto se tornariam possíveis o Império Napoleônico e, mais tarde, a restauração da Casa Bourbon. Podemos compreender melhor esta tendência conservadora se examinarmos as ideias daquele que seria visto como uma importante voz discordante em relação aos iluministas: ninguém menos do que Jean Jacques Rousseau.

O contra iluminismo tinha como base política a crença de que seria impossível manter uma sociedade estável com ideias liberais. Como solução, ele apresentava a chamada ideologia do trono, defendendo um governo autoritário em uma sociedade hierárquica, liderada por um monarca divinamente estabelecido, que protegeria a Igreja e teria a religião católica como base das políticas de Estado. Assim, outras religiões estariam vetadas e não poderiam ser praticadas legalmente pelos súditos, que também não poderiam exercer os direitos defendidos pelo iluminismo, tal como a liberdade de expressão e a liberdade de reunião. Do ponto de vista cultural, podemos ver a arte romântica como inscrita no contra iluminismo, devido à sua glorificação de perspectivas históricas e liberais ligadas ao Antigo Regime.
O anti-iluminismo persistiu até o século XX, tendo estado em declínio desde a década de 1870, quando teve início a III República Francesa e a Igreja Católica perdeu o último dos Estados Papais, abrindo espaço para a República da Itália. Durante o início do século XX, porém, ideias nacionalistas conservadoras se ligaram aos nascentes movimentos de extrema direita, criando um pensamento sintetizado pelo francês Charles Maurras; mais tarde, suas ideias seriam consideradas como a base ideológica do fascismo. Neste sentido, a Espanha franquista pode ser considerada como o último governo com características contra iluministas, embora o movimento ainda seja representado hoje por partidos como o francês Frente Nacional.
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